Há alguns dias, participei de uma live sobre transporte aquaviário no Facebook do meu amigo Felipe Peixoto. E é sobre esse tema que gostaria de escrever neste texto. Muitos de nós, niteroienses, temos uma relação muito próxima com o transporte por barcas e catamarã. E a sensação de muitos temos é a de que é o transporte aquaviário está muito ruim. Está sempre cheio, tarifa é cara. E com a pandemia, infelizmente, essas constatações foram agravadas. 
 
Temos ciência de que há um grande problema de déficit financeiro do serviço por parte da concessionária. Para isso, temos que buscar discutir soluções.
Uma delas é como aumentar a demanda e se o Governo do Estado do Rio tem capacidade de subsídio. E abro aqui um parênteses: discutir subsídio para transporte não pode ser um bicho de sete cabeças. No mundo inteiro, o transporte público é subsidiado. E a gente tem uma grande oportunidade para fazer essa discussão, que é na ocasião da nova licitação da concessão de barcas, que deve ser no início de 2023.
 
Primeiramente, quero fazer um resgate histórico de um ponto que acho prejudicial tanto para o usuário quanto para o Estado. Trata-se do momento em que a operação do transporte aquaviário sai das mãos da Barcas SA e passa a ser controlada pela CCR Barcas. Há uma mudança majoritária no capital operador sem que fosse feita uma nova licitação. Naquele momento, em que o Rio de Janeiro vivia tempos de crescimento econômico, o Governo do Estado perdeu a oportunidade de fazer uma nova licitação do serviço de barcas. E, agora, o Estado do Rio será obrigado a fazer a licitação do modal e vai fazer num momento de grande dificuldade econômica.
 
Feita esta contextualização, acho importante falarmos sobre como a licitação deve ser feita de forma atrativa. E, para isso, o Governo do Estado deverá realizar audiências públicas com as câmaras municipais, com entidades comerciais, produtivas, com prefeituras, com o parlamento estadual para que possamos ouvir o máximo de sugestões para modelar o processo licitatório. 
 
Enquanto cidadão niteroiense, quero registrar uma ideia que defendo há algum tempo: a licitação linha a linha e não por área operacional de concessão de transporte. Hoje, o mesmo operador é responsável por todas as linhas. Praça XV – Arariboia, Praça XV – Charitas, Cocotá – Praça XV, Paquetá – Praça XV e Ilha Grande. A licitação tem que ser feita linha a linha. 
 
Os dois principais déficits econômicos vão ser encontrados em linhas que, na minha opinião, são municipais da Cidade do Rio de Janeiro. Da estação Praça XV para dois bairros do Rio: Ilha do Governador e Paquetá. E o subsídio dessa tarifa não pode ser pago pelo passageiro niteroiense. Ele tem que ser pago pela Prefeitura do Rio. Quem tem que custear essa modicidade tarifária para essas duas linhas tem que ser a prefeitura do Rio e não o passageiro niteroiense.
 
Aproveitando a nova licitação, o Governo do Rio deve aproveitar para fazer dois processos em separado. Um para o transporte de passageiros e outro para bilhetagem eletrônica. E parece que o Estado está, realmente, pensando nesse modelo, como defendi nas eleições passadas. Do ponto de vista do operador são dois negócios diferentes. Quem entende de operação de transporte tem como negócio transportar passageiro. E a bilhetagem eletrônica traz toda uma conotação financeira por trás que nos permite atrair um novo capital para o setor de transporte. 
 
Outro ponto que falamos na live foi sobre a implantação de barcas em São Gonçalo. Evidente que, num cenário ideal, teríamos barcas ligando São Gonçalo ao Rio. Vale ressaltar que, historicamente, as barcas deram certo em Niterói porque grande parte da população sempre morou perto da Estação Arariboia. Na região central ou na Zona Sul. E São Gonçalo é um município muito complexo, cujas linhas de ônibus não confluem para beira-mar da cidade como é em Niterói. 
 
Importante: não estou dizendo que não tem que ter barca em São Gonçalo. Mas há de se compreender que não é só colocar barca. É preciso ter um estudo técnico muito qualificado que compreenda também uma reforma da malha de transporte municipal em São Gonçalo para que as pessoas possam chegar à beira-mar com facilidade.
 
O transporte aquaviário sempre rende muitos debates, trocas de ideias e sugestões. Por isso, discuti-lo é tão importante. Se você tem alguma ideia, mande para nosso WhatsApp. É sempre bom dialogar. O número é (21) 9 9612-9151. Abraço!