Pelo décimo segundo ano consecutivo, a Câmara de Vereadores de Niterói realizou sessão solene em homenagem às vítimas do holocausto na noite da última segunda-feira (09/04). Autoridades eclesiásticas e representantes da comunidade judaica, reuniram-se em torno dos seis milhões de judeus mortos durante a Segunda Guerra Mundial.

Presidida pelo vereador Bruno Lessa (PSDB), a mesa principal foi composta pelo Dom Luiz Ricci, bispo auxiliar de Niterói, representando os arcebispos do Rio, Dom Orani Tempesta, e de Niterói, Dom José Francisco Rezende Dias; o rabino Eliezer Staulber; o presidente do Memorial Judaico de Vassouras, Luiz Benyocef; e o presidente da Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, Herry Rosenberg.
Dom Luiz Ricci disse que a igreja “reprova qualquer tipo de perseguição entre os homens e deplora o antissemitismo”, ressaltando que “é preciso vencer o estigma da morte pregando a união”. O pastor Silas Steves, da Igreja Palavra Viva, lembrou que “o desejo de calar Israel ainda persiste e precisamos estar atentos e vigilantes”. Já o rabino Staulber contou que perdeu os irmãos e os avós durante a guerra e destacou a boa convivência entre as lideranças religiosas.
Lessa exaltou a importância da realização do evento: “ é fundamental que essa sessão seja realizada todos os anos. Me sinto honrado por estar, pelo sexto ano consecutivo, presidindo este evento. Este momento é importante, não apenas pela memória ou pela homenagem a todos aqueles que sofreram ou que perderam suas vidas nessa tragédia, mas, principalmente, para combater o extremismo que vem crescendo na sociedade brasileira e mundial. Muitas vezes, esses discursos são mais brandos e de aparente democracia, mas que trazem o ódio e a intolerância étnica, religiosa e racial. “
Eliezer Stauber fez duas preces em homenagem às vítimas. O ponto alto da sessão solene, foi o acendimento das seis velas por convidados e autoridades, cada uma representando um milhão de pessoas mortas A sessão teve a apresentação do Coral Moisés Kawa, da Associação David Frischman de Cultura e Recreação (ADAF), sob a regência de Fátima Mendonça e acompanhamento ao piano de Leandro Campannatti.
Outro momento marcante foi quando Marguerite Hirschberg, sobrevivente dos campos de concentração, deu seu depoimento. Nascida em 1933 na Alemanha, sofreu até os 12 anos de idade. Filha de um médico e de uma enfermeira, era humilhada todos os dias na escola. Obrigada a colocar uma estrela de David no peito, ela era chamada pelos colegas de “judia suja”. “Eu tinha medo de sair à rua. Os nazistas nos impediam de comer carne e nossas joias tinham que ser entregues aos nazistas. Em 1942, fui deportada para o Campo de Treblinka”, contou, emocionada. Marguerite recebeu moção de congratulação e aplausos das mãos de Bruno Lessa e do vice-presidente da Câmara, Leandro Portugal (PV).
Ao final da sessão receberam a Medalha Zilda Arns o cardeal dom Orani Tempesta e Luiz Ricci e o rabino Staulber. Além de Marguerite, receberam moções de aplauso Sofia Débora, Levy Jacób, o médico Jacób Lipster, Gerson Kortchmar e o pastor Silas Steves.
Os horrores da guerra
Após a sessão solene foi aberta, no hall de entrada da Câmara, a exposição “Os horrores do Holocausto retratados por suas vítimas”, que tem curadoria do Memorial Judaico de Vassouras. “É importante a realização dessa solenidade para que fique marcada na memória, os horrores que seres humanos passaram em campos de concentração, fruto da intolerância.
(Texto: Com Ascom CMN/ Foto: Sergio Gomes (Ascom/CMN)